sábado, 28 de julho de 2007

Mó Valor

(aos meus amigos).

Dá valor ao cobertor
Quem sente frio de verdade
Dá valor à lealdade
quem tem amigos na dor
dá valor ao amor
quem já sofreu por saudade
e descobriu que a liberdade
é mais bonita com a flor

quem tá junto na dureza
com certeza tem valor
quero junto na riqueza
pois merece o meu amor

o tempo que passou
vai pra posteridade
e a ingenuidade
veio o vento e levou
dá valor quem reencontrou
o que perdeu na cidade
e renasceu da vontade
do fruto que brotou

quem tá junto na dureza
com certeza tem valor
quero junto na riqueza
pois merece o meu amor

a amizade é o ouro do tesouro
o grito em coro
aumenta o decoro
do estouro
da manada de touro
esfola o couro
do mal agouro (ahh!)
saio vivo do abatedouro

são à cinco passos do coqueiro
onde eu vejo o mar por inteiro
em uma sombra
de um mês de fevereiro
que está o meu baú de dinheiro


Dou Mó valor...

sábado, 14 de julho de 2007

Vida Martirizada

O meu dia começa às 4 da manhã, qdo as quatro e quinze tomo o primeiro busão, que desce até o jardim das laranjeiras, de lá tomo mais uma condução que vai até o parque Olaria, bairro onde se encontra a construção civil que trabalho, a qual exersso a função de pedreiro, já a 26 anos.
Hoje faltou energia lá em casa, por isso o radio relógio ñ cantou, mas como já estou acostumado com a rotina, acordei. Perdendo hora, me vesti, fiz o amarriu de guardanapo na marmita, coloquei na mochila e sai correndo pra pegar a jardineira. Café da manhã, nem deu tempo de tomar.
Dentro do ônibus me lembrei que me esqueci de dar o beijo nas crianças e na minha esposa, estes, estão sempre ao meu lado, são a razão pela qual devo trabalhar duro todos os dias e acreditar que tudo vai melhorar.
Tenho dois filhos, um casal, um tem 8 anos, se chama Igor, este me orgulha mto, qdo a mãe dele vai as reuniões escolares, é só elogios dos professores, mto tímido e acanhado mais mto inteligente, só tira 10 e 9. Uma vez ele chegou do colégio, chorando, Francisca, minha esposa foi logo perguntando o que havia acontecido, pensando logo que tinha apanhado de algum outro aluno, então ele disse, que o motivo dos prantos seria um oito que tirou na prova de matemática, minha esposa então disse que isso não era motivo para o choro, ele então rebateu:- é sim, o pai trabalha duro, quase num vejo ele, ele trabalha longe e faz esse sacrifício pra termos o pouco de conforto que temos. Não quero ser assim que nem ele, quero morar numa casa grande e não quero sentir falta dos meus filhos como sinto dele.
Minha princesinha tem 6 anos, se chama Fernanda, essa é mto apegada a mim, pura e inocente, não dorme enquanto eu não chego do trabalho. Abro o portão barulhento, devagarzinho mais ela escuta o ruído das ferragens oxidadas, abre a porta e vem correndo sorrindo pra me dar um beijo e um abraço apertado. Diz que vai estudar pra ser professora.
Enche-me de satisfação saber que meu esforço ñ é e nunca foi em vão, vejo que minhas batalhas diárias repercutem um reconhecimento enorme para com meus filhos, assim como foi com meu pai. Na verdade meu pai era pra mim um herói, sempre em paz com todo mundo, e sempre disposto a qualquer sacrifico, para manter cada fez mais forte a fortaleza que se chama família, até ser levado por Deus, acredito eu que para um lugar melhor do que esta cadeia alimentar em que vivemos. Mas tento seguir seus passos, assim abrindo minha própria estrada. Estará orgulhoso de mim.


O dia na construção foi como um outro qualquer, uma correria só, fazer massa, sarrafia, desempena, quase num dá tempo de engolir a comida.
Saio da construção 17h, o ponto de ônibus é na frente do prédio, subo na jardineira e retorno o percurso de vinda ao trabalho. Espaço tão restringido, volto sempre encima das pernas que me sustentam já há algum tempo.
Sempre batendo um papo com o Zé, um amigo de luta, mas este leva a vida mais na maciota, é funcionário público, quisera eu ser como ele, mais a infância sofrida me impediu de estuda.

Oh Zé tu sabe porque o Gaúcho cospe quando vai mijar?
Sei ñ. Pq que cospe?
Pq da água na boca.
Ehehhehehehehhehhehehhehehehhehehhehehehhehehheheh
Assim é nossa viajem toda dentro da jardineira, um contando piada pro outro, enfim pobre tbm tem direito de rir um pouco.

Oh Zé o Zequinha tava na escola
Ae a professora perguntou

AAAAAAAAAAAAAA, fui interrompido por uma sensação estranha na barriga que logo espalhou para o corpo todo, sem entender bulhufas do que havia ocorrido coloquei a mão na barriga e vi que sangrava abundantemente, logo imaginei que seria atingido por uma bala de revolver, um balada perdida, eu confesso que sempre temi a isso, vivendo nesse fogo cruzado entre policia e traficante quem sofre é o povo honesto e humilde, que até mesmo frente ao caminho mais fácil opta pela dignidade e sonha apesar de tudo em ter uma vida digna.
Todos se afastavam de mim, eu não conseguia falar nem pedir ajuda, eu dolante. Se passava um filme em minha cabeça, desde a minha infância até o momento em ia saindo de casa apressado e me esqueci de dar o beijo que sempre dava nos meus filhos e na minha esposa. Já no chão, eu sentia mta dor, mas o martírio maior foi perder a visão lentamente e saber que meus filhos teriam que seguir seus caminhos sem mim, e temo que eles possam trocar suas personalidades e desistir de seus sonhos por ñ ter um suporte que eu poderia e tanto queria dar.


(Criei essa história após ver uma reportagem na tv, de que um pedreiro foi atingido por uma bala perdida e morreu)Obrigado aqueles que tiveram a paciência de ler, msm que seja pra criticar, deixem comentários. valew.